Por DIEGO MÜLLER

terça-feira, 3 de março de 2015

A harmonia na dança...


A Harmonia

Harmonia é o substantivo feminino com origem do idioma grego... e que indica uma “concordância” ou “consonância” tanto a nível artístico como a nível social, tanto por história da palavra quanto por significado da mesma. Em resumo, harmonia é o resultado natural da verdade: É um conceito clássico que se relaciona às idéias de beleza, proporção e ordem.


Alguns sinônimos de harmonia (importante de se prestar atenção para se definir o que é REALMENTE a palavra e a definição) podem ser, a primeiro plano: equilíbrio, ordem, acordo, combinação, concórdia, consonância, entendimento, conciliação, conjuntura, etc. Outros, a posterior, já seriam: entendimento, acomodamento, adesão, ajuste, avença, coalizão, compromisso, consenso, consentimento, inteligência, liga, e por ai vai.


O ESTADO DE HARMONIA e o estudo dela saber se algo foi composto com qualidade (na música também e principalmente já se avalia isso), composto com concordância e beleza. A harmonia seria a combinação de elementos sucessivos, dos quais se fixa bem aos olhos e aos movimentos... talvez beleza, realmente.

No âmbito da estética, a harmonia indica uma característica do que é considerado "bonito" (como já dito), e indica uma concordância entre combinações, tamanhos, movimentos, ações (se falarmos de roupas, dai entraria cores também). Já num contexto mais filosófico, a harmonia faz parte da metafísica de “Leibniz”, que indica uma concordância que é pré-determinada. Ou seja: que foi criada por Deus desde o princípio. Se está bem: é harmônico.



 Um elemento que tem harmonia é algo que está disposto de forma equilibrada e justa entre as partes de um todo. Assim, a harmonia muitas vezes é o resultado de um sentido de paz entre pessoas, ou ações, ou a concordância de opiniões ou sentimentos entre tudo. Ex: Eu sempre gostava que passar o fim de semana na casa do meu melhor amigo, porque notava uma harmonia na sua família. Interessante essa definição!

Certa feita, para exemplificar, perguntei há um amigo dançarino: Se eu sair de uma distância de 10 metros de um ponto de chagada e você a 5 metros desse ponto de chegada... como os dois andariam HARMONICAMENTE até chegar ao ponto? Ele me disse que seria impossível, pois a quantidade de passos seriam diferentes, o tamanho dos passos seriam diferentes, o corpo de cada um é diferente e que poderiam chegar em tempos diferentes no local de chegada. Eu retruquei: Mas eu preciso que seja exatamente ESSE movimento em palco, não posso mudar ele. Tenho que harmonizar e NÃO PODER é algo que não aceito. Me sugere algo? Ele de novo me disse que seria impossível. Aí que acho que é um dos problemas da nossa dança (não direi como eu harmonizaria, pois quero que cada um pense em como, da sua maneira – mas eu acharia e achei mil maneiras de harmonizar esse “problema” criado por mim). O movimento não insere nos grupos a possibilidade de harmonização nos “milhares” de movimentos e criações coreográficas que poderíamos executar. Acho que se poda muito, por achar que aquilo não ficaria harmônico ou que não é harmônico. Mas, pior que isso, “se tem certeza que aquilo não é ou não focaria harmônico”!



 Um grupo que realiza ao mesmo tempo somente 1 sapateio do balaio e um outro que realiza ao mesmo tempo 12 sapateios diferentes do Balaio, por exemplo. Se tem a impressão errônea que o que faz 12 sapateios tem menos harmonia do que o que realiza 1 somente. Isso é um engano: na verdade o eu realiza 1 sapateio “engana” mais do que o de 12 sapateios. Disfarça a “falta de harmonia” com 1 sapateio único. Porém o de 12 pode ser tão mais harmônico quanto... mais dificilmente, claro, porém se isso acontecer seu nível de harmonia é “hard”, como digo. Mas dai me perguntam: mas como harmonizar 12 sapateios (entrando no clima dos 5 e 10m)? Cada grupo acharia seus equilíbrios, ordens, acordos, combinações, concórdias, consonâncias, entendimentos, conciliações, conjunturas (e beleza), etc, para poder ter “harmonia” no movimento de 12 sapateios. Há de se trabalhar e criar alternativas coerentes para tal (já se realiza isso nas birivas, no chico do porrete, por exemplo... com sucesso e um rigor muito mais “folclórico” na avaliação da harmonia). Um grupo q faz sapateios diferentes (como nas birivas) não pode ser desarmônico. Teria de ver se esse ponto de harmonia foi montado e executado certo. Isso sim.

Outro fato seria o das danças espalhadas, onde no INICIO MAIS DIDÁTICO de cada dança (lá em seus MANUAIS), se lerem, ela diz se é de par independente, solto, de conjunto, dependente, coreografada, etc... o que hoje em dia não se leva nenhum pouco em consideração justamente pela “harmonização” da mesma. Ou seja, se muda a história dela e sua coreografia (podemos dizer isso também) para uma harmonia, que nada mais é do que mal definida e mal olhada, com preconceito. Um Chico sapateado, uma Havaneira marcada, um Balão caído, Chote carreirinho, Sete voltas e tantas mais (todas de quarta geração, onde são danças historicamente e coreograficamente de salão: espalhadas, de pessoas e pares independentes uns dos outros – a não ser em coreografias ensaiadas) são danças que somente foram vistas e pesquisadas dançadas livremente na sala. Portanto esse é o DESAFIO da mesma: dança-la solta, porém com harmonia. Desafio esse que se levam por terra ao ENRRIGECEREM (não direi harmonizar, obvio) e ROBOTIZAREM o lado do giro dos pares, jeito do giro dos mesmos, criando desenhos geográficos (que eram características de outra geração que não a QUARTA) e assim por diante. Isso não seria harmonia: seria uma “maquiagem” da preguiça de não achar harmonia em dançarem espalhados e independente (lesse espalhado de maneira contraria a CADA UM POR SI). A harmonia não estaria no lado do giro e nem na geografia desenhada no palco... e sim estaria em outra coisa que nunca nenhum grupo desse parâmetro “técnico” identificou. Nem tentou creio!



 Há de se criar e se achar o PONTO DE HARMONIA, o ESTADO DE HARMONIA para esses movimentos. Isso pode ser feito e é feito em TODAS s danças do mundo... e nós ainda achamos que a ROBOTIZAÇÃO é o estado de harmonia mais apurado que existe, erroneamente. Ele é um dos estados harmônicos apenas que existem... e o MAIS PREGUIÇOSO! Garanto!

É mais fácil, também, avaliar um grupo ROBOTIADO... mas avaliador não esta alí para avaliar o mais fácil.

Assim, digo:
Omaior lance é a proposta de harmonia de cada grupo. O ponto de harmonia, o estado de harmonia. Não necessariamente quero dar a mesma ênfase harmônica do que outro instrutor ou a que os avaliadores combinaram que seria a correta. E vale a pena o avaliador saber identificar esse ponto de harmonia de cada grupo e ver se ele harmonizou bem! Esse sim também seria o bom avaliador de harmonia. E desse modo de avaliação não prejudicaria os radicais e nem os mais soltos... nem os básicos nem os criativos! A avaliação e a criação (instrutores) devem de identificar em seus grupos ONDE ESTÁ SUA HARMONIA, em que ELEMENTOS ela esta identificada e focada. Qual a harmonia que o grupo quer passar. E cada avaliador ver se ele FEZ ISSO CORRETAMENTE, transpareceu isso, criou bem isso, montou bem isso e executou bem isso. Pode estar essa harmonia no enrijecimento, na robotização, em movimentos ao mesmo tempo porém não iguais, em movimentos iguais porem não ao mesmo tempo, em movimentos diferentes com batidas iguais, etc e etc (dei alguns exemplos básicos. Cada grupo teria os seus modos). Cada grupo tem sua linguagem e isso deve de ser valorizado, assim como seu entendimento e sua oportunidade de levar isso a palco. Cada grupo terá sua HARMONIA própria, vindo dos grupos para a avaliação (e não das avaliações, ou da preguiça das avaliações, para com os grupos e instrutores). Se ele executou bem, dai a nota da harmonia é alta... se não, nota de harmonia baixa.



 Cada grupo apresenta o seu é o avaliador vê se Tá bem feito! Se tá bem feito, tá harmônico! Se não for bem feito não está! Basicamente. Cada grupo da o ponto é se avalia a qualidade apresentada, a evolução. Não quero dizer que uma visão de harmonia apenas está errada, mas existem outras (das quais os grupos não podem trabalhar), das quais devemos levar as propostas novas para ampliar até a diferença entre cada grupo e poder evoluir em termos de criatividade.

 A harmonia tem segurado muito a própria interpretação, por não permitir que cada dançarino consiga ser ele mesmo em palco... e até cada grupo as vezes não consegue ser ele mesmo em cena, tendo que se restringir por uma avaliação rígida de harmonia (o problema não esta nos grupos e sim numa visão de harmonia que é a mesma desde 1984, nos primeiros Fegarts... há de se melhorar e mudar isso ... os grupos não crescem na interpretação porque estão presos a harmonia "quadrada".

 Ser igual não necessariamente é ser harmônico.
Ser e estar diferente também pode ser harmônico.
Rigidez pode ser um ponto de harmonia apenas.
Existem milhares de Pontos (estados) de harmonia a se explorar e se criar.

Vamos evoluir e dar mais oportunidade aos instrutores grupos e dançarinos de crescerem e evoluírem! A dança e o espetáculo cresceriam e muito dessa maneira!

(Obs.: Sugiro o livro Danças tradicionais e a Carta de Vacaria – livro que esclarece e muito critérios de avaliações, sugeridas pelo próprio João Carlos Paixão Côrtes, e pouco se usa e se leva em consideração).

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"Mudar depende da gente e de um primeiro passo adiante dado... não de palavras ou de teorias para adular falsos amigos!"
(Autor anônimo)



 

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